Galinha à Brás

Tenho por hábito utilizar a galinha. Galinha a sério, com mais de dois quilos, carne branca e rija e ovinhos na cavidade abdominal. Lembro-me da canja de galinha fazer parte da alimentação na minha família, até em alturas de festa ou de debilitação física. Uma canjinha de galinha, com a dita desfiada, com massinha pevide ou com arroz, é sempre uma satisfação para a alma, mesmo quando não ha apetite.
Dá-me muito resultado comprar uma galinha. Geralmente a D. Luísa do Mercado de Benfica, tem o cuidado de me apresentar um exemplar que não a deixa ficar mal. Peço-lhe para tirar a pele e partir em quatro partes. Vou utilizando conforme o que apetece fazer e vario muito a sua confecção. Para além da Sopa Mulligatawny que aqui publiquei, faço-a de arroz com açafrão, de esparguete com tomate, de salada com juliana de legumes e maionese ou tagliatelle e esta, que eu faço como o tradicional bacalhau à Brás, muito nutritivo e delicioso.
Preciso de 1/4 de galinha (geralmente escolho o peito) cozida em água, sal, uma cenoura, um molhinho de salsa e meio alho francês. Coze lentamente em fogo médio cerca de 45 minutos.
Enquanto a galinha coze, corto uma cebola nova aos cubinhos e levo ao lume em frigideira anti-aderente com cerca de 3 colheres de sopa de azeite. Cubro com tampa e deixo cozer a cebola até estar transparente.
Abro um pacote de batatas palha fritas e viro-o para dentro de um passador de rede fina para poder extrair-lhe o sal que está a mais. Basta bater o passador na mão que o sal vai saltando.
Bato quatro ovos grandes com salsa picadinha numa taça.
Preparo uma salada verde (alface, chicória, agrião).
Desfio por fim a galinha em pedaços pequenos. Guardo o caldo.
Destapo a frigideira e deito a galinha, envolvendo-a bem na cebola. Depois as batatas palha. Torno a envolver. Se for necessário humidificar um pouquinho para misturar melhor os sabores, junto um pouco mais de azeite. Deixo estar uns 2-3 minutos antes da última operação, que é baixar o lume e entornar devagar, cobrindo todo o preparado, os ovos batidos.
Com a colher de pau vou levantando a mistura das bordas para o centro da frigideira. Não deixo passar/secar muito os ovos. Provo de sal e se for necessário, moo um pouco por cima, enquanto está ao lume. Também moo um pouco de mistura de 3 pimentas -rosa, preta e branca.
Está pronto. Umas azeitonas pretas por cima e p'rá mesa!
Dicas:
Um peito de galinha deste calibre, cerca de 500 gramas depois de limpo, dá perfeitamente para fazer para 3-4 pessoas. Esta é a minha receita só para duas [leva menos ovos que já somos cotas ;)], por isso basta aumentar todos os ingredientes à volta da mesma porção de galinha que continua a ser um prato suculento. Pode juntar um pouco de natas aos ovos e um pouco de Tabasco também.
Do caldo da galinha, faço uma canjinha. Passo-o pelo passador para o coar, corto a cenoura aos cubinhos para juntar no fim. Desfaço com a ajuda de um pilão, o alho francês e a salsa para dentro do caldo. Acrescento mais água para perfazer cerca de 1 litro, mais um pouco de sal e levo a levantar fervura. Acrescento 2 chávenas de chá de arroz agulha, umas folhinhas de hortelã e deixo cozer por 12 minutos. Já no prato, pessoalmente gosto deste caldo com uns pingos de sumo de limão.
Se experimentarem, bom proveito.

2 comentários:

Gastão de Brito e Silva disse...

Queira a minha amiga saber que o inventor deste prato, na sua versão original de bacalhau, se chamava Brás Leão de Quartin...

Era um ricaço que gostava de boas comidas e bom convívio e é trisavô de um amigo meu...

Guidinha Pinto disse...

Muito obrigada Gastão pelo seu comentário. Só desconhecia que era trisavô de um amigo seu, o que não deixa de ter graça. Como o mundo é pequeno :).
Fique bem.