Cozinhar e conviver em família

Tenho saudade dos almoços e jantares em casa de uns e de outros, onde a primeira coisa que fazíamos, depois dos cumprimentos habituais, era pôr um avental e ir para a cozinha ajudar, enquanto os homens ficavam fora da cozinha, pelo menos nesse dia, a tratar dos vinhos e a petiscar qualquer coisa.
Actualmente e na maioria das vezes, os pratos escolhidos para essa refeição aparecem sem contribuição alguma dos comensais convidados, nem para pôr a mesa. Apesar de tudo, como é que foi feito, está muito bom, tens de me dar a receita, ainda são frases ouvidas com alguma frequência.
Também era usual existirem os doces caseiros de fruta da época - tomate, ginja, cereja, pêssego, marmelo - para gastos da família e para oferecer aos mais íntimos. Eu recebi alguns durante a minha vida. Ultimamente também ofereço, quando os faço.
Por causa desta realidade, o que se passou há dias, vai ser deixado aqui, como estória, para recordar mais tarde. Foi um gosto imenso ter a minha afilhada nº 1 - a minha primeira afilhada, por isso a número 1 - a seguir a minha receita para executar a sua primeira marmelada. Sempre usou a de compra, mas realmente não tinha comparação com a da tigela que lhe tinha dado há dias. Podia ter seguido a receita e feito em sua casa, mas teve a simpatia de a querer fazer cá ao pé de mim, comigo a «dar as dicas». Trouxe os ingredientes todos. Foi muito gratificante para mim partilhar com esta afilhada uma coisa que me dá gosto elaborar. Foi muito bom mesmo. Obrigada Sofia pelo momento.
Nada mais agradável e fácil para mim do que «culinariar», quando existe a vontade e o prazer em estar na cozinha. Neste caso, foi só juntar marmelos, açúcar, paciência, alguma força, algum carinho, muita conversa e o doce surgiu.
Como já escrevi, seguimos a receita da minha marmelada que apresenta um toque da fruta ao trincar, em vez daquela papa endurecida própria de quando é triturada. Foi esmagada à mão, com um esmagador. Esta foi a parte mais difícil, mas ela é uma mulher com força. Ainda nos deu tempo para a prova. Degustámos um chá verde e umas finas fatias de pão alentejano torrado e barradas com a dita. Fcou muito boa :).
Foi-se embora, penso que contente, com as caixas de marmelada ainda morna, que já era tarde. No dia seguinte falámos e soube que a filhota e o marido tinham gostado também. Ainda bem.
Para o ano, repetiremos. Digo eu.

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