Estória de uma agricultora de meia tigela

Ao Sr. Machado pedi há uns tempos que me construísse um canteiro para as plantas cujos vasos tinham rebentado com o gelo. E ele fez o canteiro. A terra não era a que eu estava à espera. Por isso, tive de catar imensas pedras e adquirir composto ao litro. Fomos à Cooperativa de Vila Nova do Ceira. Serviu de passeio e as gentes de lá são muito simpáticas.
Regressados a casa, a minha tarefa foi preencher com a terra o volume das pedras tiradas. Um trabalhinho deveras antipático, mas fi-lo, com a ajuda de luvas e um instrumento pequenino próprio para essas tarefas que não recordo o nome. Retirei dos vasos e enterrei as hortenses e os três ciprestes com cheirinho a limão. Ficaram uns intervalos onde iria colocar os legumes. No Mercado em Góis, no sábado a seguir, comprei 7 alfaces, uma courgette, duas couves galegas, 1 pimento, 2 tomateiros e quatro alhos franceses. Com a ajuda da vendedora nas escolhas, ela viu logo que eu era uma principiante pelas perguntas que fazia.
À tarde, quando me dispunha a arranjar cama para os legumes, apareceram em boa hora, as manas Aurora e Alda. «Qué que estás a fazer?» E riram-se quando eu me ergui, suja de terra. Entraram. E foi na tarde do dia 7 de Junho, data que não quero esquecer, que recebi ensinamentos de duas hábeis agricultoras biológicas, que me deram dicas sobre o que poderia retirar da terra, se dispusesse bem aqueles rebentos verdinhos todos eles dentro de umas caixinhas de plástico preto, a pedirem mais terra. Contei-lhes que era mais pela graça de ter plantado alguma coisa para comer do que realmente vir a colher qualquer coisa. Afinal, nós vamos embora. Vai a Aurora - «E o estrume?» «Ah?!» respondi. Fiquei a olhar. «Então? Sem estrume não vai crescer nadinha!» e riu-se de novo. Santa ignorância!
Conversa vai conversa vem, quem tinha estrume ... hoje já pouca gente há no lugar com rebanhos ... e aparece Laura, com um carrinho de mão com estrume, que já não precisava, que podia tirar o que precisasse. Ouve-se tudo naquela terra e nós ria-mos e falávamos alto. Estas minhas primas ... são elas próprias um mimo.
No fim da tarde, estavam todas as verduras em terra fofa, com as devidas distâncias entre elas. Último recado: «Rega-as bem. À noite e de manhã, se a noite for quente». «Vais-te embora, mas deixa estar que a gente vem cá por água. Não custa nada!». E parece que assim foi.

As manas Aurora e Alda, com quase tudo já posto na terra.

Um mês depois, as alfaces estavam assim. Fiquei comovida ao olhá-las. Parecia um jardim. Atrás delas, os alhos franceses e as couves galegas, a crescerem, visitadas por animais sem coluna dorsal e com casinha às costas. Não faz mal. Deixa-os estar. Em Setembro, a gente vê-se e depois conversamos.


10 de Julho: A 1ª alface que colho da terra. Amanhã, em Lisboa, vou fazer uma salada.

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Valor nutricional da Alface, buscado na NET:
«Tem pouquíssimas calorias (cerca de 12 calorias por 100 gramas), sendo um alimento precioso nas dietas de emagrecimento.
Existem muitas variedades de alface, podendo apresentar folhas lisas ou frisadas, com folhas verdes, roxas ou mistas.
No frigorífico, bem fechadas em caixas, podem durar até duas semanas.
É excelente para preparar saladas, sandes e sopas.
Deverá ser colocada de molho em água e umas gotas de vinagre e limão. Deve ser muito bem lavada, passando-se em água corrente abundante, antes de ser consumida.
As folhas exteriores deverão ser desperdiçadas, pois é nestas folhas que se acumulam os nitratos, os quais são prejudiciais para a saúde.
Se possível, ingira alfaces biológicas, ou de pequenas hortas onde não sejam utilizados pesticidas.
É rica em fibras, vitaminas e minerais.
A alface tem uma acção ligeiramente relaxante, devido à presença de uma substância conhecida como o “ópio da alface” designada por lactucário. Um chá de folhas de alface, tomado antes de deitar, pode ajudar a adormecer.
Uma grande salada ingerida às principais refeições ajuda a regularizar o trânsito intestinal e a evitar a obstipação.»

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