As maçãs reinetas e eu, da-mo-nos bem

Gosto de consumir todo o tipo de maçãs. Em tempo quente, bem lavadas com água e detergente da louça marcham à dentada com pele e tudo. Em tempo frio, é mais a reineta. Reineta assada, reineta no tacho, reineta em tarte.
Hoje, com o sol a bater-me na hipófise (frase de um amigo ido há anos, antes de tempo...), quero dizer, alegre e feliz por estar viva e a mexer, fui ao frigorífico buscar um saco de quilo dessas reinetas pardas por fora e brancas por dentro, ácidas e doces e de calibre pequeno, e destinei-lhes a uma espécie de tarte Tatin. Tinha também uma embalagem de massa folhada de compra, quase a passar de prazo. Não é tarde, nem é cedo. Fui para o cantinho da engorda.
Digo uma espécie de Tatin porque leva menos açúcar, menos manteiga, acrescento umas passas corintos e umas sementes de girassol e canela e a massa é a folhada. Mas o que conta é a estória, mais abaixo, não a massa.

Primeiro tirei a embalagem da massa folhada do frigorífico, abri-a, estendi a massa e retirei-lhe o papel.
Desse papel cortei uma tira larga com a qual forrei só o centro da forma-crisp do micro-ondas. Barrei essa forma e o papel com manteiga (usei Primor). Salpiquei-a de seguida abundantemente de açúcar mascavado claro e escuro. Tenho os dois misturados num frasco. O claro é mais cristal e solto, o escuro mais húmido. Gosto dele misturado. Reservei.
De seguida tratei de espremer um limão - que levei 30 segundos ao micro-ondas para soltar todo o sumo - para dentro de uma taça que continha água q.b. onde fui deitando as maçãs que fui descascando e cortando aos quartos, para retirar também o ovário e receptáculo floral (e esta?) .
Terminada a tarefa cortei os quartos da maçã em tiras e forrei à volta, à volta, até ao centro, a forma reservada para a tarte.
Polvilhei a seguir com um pouco mais de açúcares mascavados, umas 4-5 nozinhas de manteiga, canela, uma mão cheia de passas corintos e outra de sementes de girassol.
Seguidamente peguei na massa folhada e tapei a fruta, calcando junto à borda da forma para encaixar um pouco. Piquei a massa folhada com um palito, para o vapor da cozedura das maçãs poder sair e não amolecer a massa folhada.
Marquei o programa «Crisp» no micro-ondas, a 650 Watts, durante 15 minutos.
Após esse tempo, verifiquei e retirei a forma. Esteva lourinha a massa e das maçãs emanava um cheiro doce, característico, bom.
Esperei um pouco, antes de desenformar. Escolhi um prato de vidro sem borda que coloquei sobre a tarte e com cuidado virei tudo. Agarrei nos dois pedaços de papel de cada lado da forma e na forma e levantei-os. Caíu todo o conteúdo direitinho para o prato.
Fumegava. O cheirinho que se espalhou pelo cantinho foi delicioso.
Em pouco tempo uma sobremesa simples, que faz bem à saúde e «àialma».
Não chamei para a mesa. Vai ser a surpresa logo à noite. Depois clico uma fatia. Vou pré-aquece-la antes de a degustar. Fica melhor de certeza.

Origem da tarte 'Tatin': Dizem que esta tarte teve origem em 1898, quando Stéphanie Tatin, do Hotel Tatin, em França, fez uma tarde de maçã e se esqueceu de colocar a massa no fundo. Tinha espalhado uma mistura de maçã, manteiga e açúcar numa forma. Ao ver que faltava a massa por baixo, espalhou-a por cima. Ao servir, virou a tarte no prato, pondo a maça caramelizada à vista. Foi mais ou menos isto que se passou...

Quanto às uvas passas, também uma estória. «As das variedades «Sultana», «Moscatel» e «Corinto», do código NC 0806 20, destinadas a ser consumidas na Comunidade ou a ser exportadas para países terceiros, devem respeitar as características mínimas e as tolerâncias que constam do anexo.» Coisas da C.E. Aí:


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