Doce de Laranjas do Sotavento Algarvio

Foram 5 quilos comprados no Mercado de Tavira, na véspera de terminar as férias. Dentro de um saco de plástico, apenas por 1,50€. Laranja pequena, sumarenta e doce, não lavada. Para que queria eu 5 quilos de laranjas? Boa pergunta para quem carrega ;). Respondi que depois logo veria, quando chegasse a Lisboa.
E há uns dias atrás, aqui está o que eu fiz de 4 quilos de laranjas, já que o restante peso tem sido consumido em sumo.

1º - Escolhi as de casca mais fina e pesei-as. Depois lavei-as em água com detergente da louça e esfreguei-as com a esponja da louça, com lado mais áspero. Passei-as bem por água corrente para retirar toda a espuma. Deixei a escorrer.

2º - Na tábua de picar, com uma faca bem afiada e algum cuidado com as minhas unhas, cortei as laranjas às tirinhas e aos cubinhos. Cobri com água - cerca de 2 litros. Deixei assim de molho durante mais de 12 horas, que é o tempo mínimo indicado.

3º - No outro dia, virei com cuidado a mistura para dentro de uma panela inox de fundo térmico, sem escorrer. Juntei por cada quilo de laranjas, 750 g de açúcar branco.

4º - Depois foi a longa espera para ganhar ponto de doce. A partir de certa altura começou a fazer espuma e a descer o nível. Senti no girar da colher de pau, que estava a engrossar, a caminhar para o ponto certo. Assim, de vez em quando pegava num pires e deixava cair uma colher de doce. Esperava arrefecer um pouco e com o dedo, abria um sulco, no meio. Até esse sulco se manter aberto, sinal que o doce estava no ponto, esteve ao lume um pouco mais de 3 horas. Não se assuste, que foram 4 quilos de fruta, dois litros de água e 3 quilos de açúcar! Experimente fazer apenas com 1 quilo de laranjas de casca fininha, 1 litro de água e 750 gramas de açúcar. Siga os tempos indicados e depois diga qualquer coisa :).

Entretanto preparei os recipientes. Tinha alguns frascos de vidro com tampa e algumas tigelas de barro vidrado de tamanho médio, daquelas usadas para a marmelada. Com muito cuidado fui vertendo conchas de doce nos frascos (apenas muito bem lavados), um a um, colocando a tampa logo que estivesse cheio e virando-o de tampa para baixo até arrefecer. Sempre com muito cuidado para não me queimar (usei luva de forno na mão esquerda, a que segurava o frasco). Ao doce colocado nas tigelas, tapei só depois de frio, com película aderente. Destas, algumas serão para oferecer aos íntimos e os frascos os últimos a serem consumidos. Os frascos não foram esterilizados mas a temperatura do doce e a inversão dos mesmos logo que tampados tem o efeito de esterilização, caseira :).

Uma fatia de pão barrada com este doce e para beber, um copo de leite fresco, vai ser o meu lanche para o dia de hoje, por exemplo, que lá fora estão 35 graus centígrados.

Dica: Fui marcando 20 minutos no conta minutos entre cada mexedela, para não deixar a casca caramelizar nem agarrar ao fundo.